Unplugged Zweigelt
- Francisco ByMyGlass
- Jan 22, 2024
- 3 min read

Quando pensamos em vinhos austríacos, o primeiro estilo que nos vem à cabeça são vinhos brancos leves, doces ou secos e aromáticos - uma vez que a casta mais internacional do país é a Grüner Veltliner.
A Áustria é um país do centro da europa, sem costa marítima, um país montanhoso com lagos incríveis e cercado por países com grande histórico no néctar de Baco, tal como a Itália ou a Alemanha.
A sua larga história na produção de vinho, vem desde o Império Romano. Porém, só após o fim da Primeira Guerra Mundial, é que há um considerável desenvolvimento da produção de vinho.
Com bastantes tipos de solos e, claro, muita altitude, é possível a produção de vários estilos de vinhos. No entanto, existem lá apenas quatro regiões:
- Niederösterreich, com vinhas plantadas nas margens do rio Danúbio, apresenta solos maioritariamente vulcânicos e, o seu microclima, gera vinhos brancos secos, frutados e de carácter mineral;
- Burgenland, localizada a leste do país, é a região mais plana e quente de toda a Áustria, onde a produção de vinhos tintos supera a produção de brancos, devido às condições climáticas, permitindo um óptimo amadurecimento das uvas;
- Steiermark, situada a sul, é a região mais montanhosa e produz vinhos secos e intensos. O seu clima mediterrâneo ajuda a proteger as uvas, o que permite uma maturação mais tardia;
- e Wien, onde são produzidos vinhos jovens e mais simples, de alguma forma menos nobres, mas não menos interessantes e, normalmente, mais de consumo diário.
Com condições geográficas tão distintas entre elas, assim como os estilos de vinhos de que cada uma advêm, não é surpresa que as castas que os compõem sejam também elas, de grande variedade:
- nas brancas, podemos encontrar Grüner Veltliner, Pinot Blanc (Weissburgunder), Riesling, Welschriesling, Sauvignon Blanc, Chardonnay (Morillon) e Müller-Thurgau;
- nas tintas, o destaque vai para a Blaufränkisch, Zweigelt, St. Laurent, Pinot Noir e para a Blauer Portugieser. Esta última, crê-se que tenha sido Johann Von Fries que a trouxe do Douro para as suas propriedades perto de Vöslau, na região Burgenland, por volta de 1772, que desde cedo se mostrou apta para a produção de vinhos tintos de qualidade - no entanto, não há nada que comprove que a casta tenha origem portuguesa.
Mas sem mais demoras, vamos ao vinho de hoje – o Unplugged Zweigelt, do produtor Hannes Reeh.
Começando pela casta, a Zweigelt - também conhecida por Rotburger -, é uma casta relativamente recente, criada em 1922, por Friedrich Zweigelt, que surge do cruzamento entre as castas St. Laurent e Blaufränkisch.
A família Reeh começa a produzir vinho ativamente na década de 1980. Hannes nasceu no meio do negócio e, desde cedo, foram lhe dadas responsabilidades na produção, gerindo todas as operações dentro da adega.
Estudou na prestigiada Escola de Viticultura de Klosterneuburg e, de lá, seguiu para estágios com os mais conceituados enólogos e viticultores de todo o mundo.
Em 2007, assumiu o vinha Andauer Weingut e produziu a sua primeira colheita de A a Z.
Desde então, o seu trabalho diário é preocupar-se com o que mais gosta de fazer - bom vinho -, agora a partir de vinhas que cobrem uma área de aproximadamente 300 hectares.
Considera-se um democrata no que toca ao vinho e diz que este deve ser bebido por todos - “beber vinho deve ser uma paixão e não uma ciência”.
Pode dizer-se que a única coisa simples sobre Hannes Reeh, é o seu sobrenome. Por outro lado, o seu carácter é multifacetado, a sua abordagem não é convencional e os seus vinhos são complexos.
Hannes Reeh é um enólogo com uma atitude pela qual todos podemos ter um pouco de inveja - combinando uma abordagem liberal com pura ambição. É uma pessoa descontraída, que gosta de se deixar levar e a sua paixão é, obviamente, um bom vinho.
O Unplugged Zweigelt é isto tudo que acabo de referir e talvez mais. Apesar de não ser um conhecedor exímio da casta, atrevo-me a dizer que sou um admirador pelos vinhos austríacos e que já provei umas quantas mãos cheias de referências deste país do velho mundo.
O Unplugged mostra-se um vinho de uma elegância extrema, encorpado, muita camada e muito fresco. Com tanino firme, mas sem nunca ferir ou cansar o palato.
A sua origem austríaca é um bom exemplo de que nem sempre o que se parece, é – este é, sem dúvida, um excelente vinho a conhecer, que quase nos remete para os nossos vinhos transmontanos e Hannes Reeh é um produtor que vou certamente acompanhar!




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