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Gonçalves Faria Tinto 2013

  • Writer: Francisco ByMyGlass
    Francisco ByMyGlass
  • Dec 2, 2024
  • 3 min read

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A Bairrada é talvez das regiões portuguesas com mais personalidade.


E, apesar da sua certificação ser bastante recente - a Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) existe apenas desde 1979 – a sua história começa muito antes disso – há registos de produção de vinho, nesta zona, desde o século X.


No entanto, só em 1987, foram estudados os seus sistemas de produção de vinho, por António Augusto Aguiar, definindo as fronteiras desta região como hoje as conhecemos – a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Este pela serra do Bussaco e a Oeste pelo Oceano Atlântico.


Com um grande equilíbrio entre a drenagem e a retenção das águas, uma excelente exposição solar e solos que variam entre terrenos argilo-calcários e arenosos, todas estas condicionantes criam na Bairrada um microclima que permite a produção de diversos estilos e perfis de vinhos.


Porém, não obstante da sua muita diversidade, na Bairrada a casta Baga é rainha.


Apesar da sua grande presença na região do Dão – já nos explicava o António Madeira no seu blog, em 2014 -, foi na Bairrada que a Baga encontrou o seu palco.

Até aos finais dos anos 70, a Bairrada era uma região onde a produção de vinhos era caracterizada por Lotes, ou seja, pela mistura de castas existentes numa só vinha.

Ainda hoje, muitas vinhas velhas têm esta característica.

Os anos 80, viraram então os holofotes para a Baga, tendo aumentado desde aí a sua plantação a título singular.


Coincidência, ou não, em Latim, Baga significa "pura", "sem mistura". Talvez por isso haja tantas vezes a comparação desta casta com a Nebbiolo, de Itália, ou o Pinot Noir, de França.


Os espumantes feitos a partir de Baga, assim como outros feitos a partir de castas brancas autóctones desta região, são já um porta-estandarte do que em Portugal melhor se produz.


E, apesar de a certificação dos espumantes só ter chegado em 1991, foi com esta variedade que a Bairrada conquistou o mundo, sendo, até hoje, a mais importante e maior produtora de vinhos efervescentes, em Portugal.


Uma coisa é certa - dos brancos aos tintos, passando pelos rosés e os espumantes, ao fazermos a análise sensorial de um vinho bairradino, somos automaticamente transportados para esta região que vos falo hoje.


Mas nem sempre assim foi - os vinhos tintos que aqui sempre produzidos, nem sempre foram do agrado do público - eram vinhos que, na altura, demoravam a estar prontos e, nem sempre, eram vinhos fáceis. Talvez, ou quase de certeza, a evolução tecnológica e a introdução de novas técnicas de enologia, tenham vindo a ajudar a que este estigma ou excesso de personalidade da região fossem domados.


Porém, também aqui, como em todas as regiões, há anos chamados de clássicos - ou ícones. E da Bairrada, é impossível não mencionar os anos de 1990 e 1991, com especial atenção ao produtor e viticultor António Gonçalves Faria, com os seus vinhos Tonel 5, de 1990, e Reserva tinto, de 1991.


Provenientes da Quinta de Baixo, hoje propriedade de Dirk Niepoort, estes dois exemplos provenientes desta região tornaram-se intemporais.


E, apesar de António Gonçalves Faria já não se encontrar entre nós, com a ajuda do seu filho Pedro, Dirk continua a manter vivo este belíssimo terroir, localizado em Cantanhede.


O vinho que vos trago hoje, infelizmente, não é um destes dois clássicos que vos falo. No entanto, continua a ser uma referência de excelência da região.

 

Fruta vermelha e negra, especiado e notas vegetais com profundidade, frescura e complexidade. Um vinho que nos agarra e nos apaixona de imediato.


Excelente corpo, leve, fresco mostrando a sua complexidade e persistência, mineral e salino QB algo que só um vinho feito da casta Baga é capaz de dar.


Com o frio a chegar, uma feijoada de choco cai sempre bem com este tinto cheio de história.




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