Espera Nat'Cool Castelão
- Francisco ByMyGlass
- Jan 20, 2024
- 2 min read

Tal como para mim, a música tem um lugar especial no coração do enólogo Rodrigo Martins.
A primeira vez que ouvi falar do Rodrigo, foi através da Teresa Barbosa – não fosse ele o enólogo dos vinhos Ninfa, da região do Tejo e Alentejo – e, desde então, procurei provar todos os néctares por ele produzidos.
Ainda ingressou no conservatório de música depois do secundário mas, com a mudança de um amigo para Lisboa, para estudar agronomia, a ideia de se juntar a ele de alguma maneira não lhe pareceu má de todo.
Ainda um pouco indeciso se a escolha teria sido a mais certa, é quando chega à cadeira de viticultura, lecionada por Carlos Lopes, que tudo começa a fazer sentido - foi música para os seus ouvidos.
Seguido de um estágio com o seu professor na Quinta de Pancas, onde aperfeiçoou e adquiriu novos conhecimentos, daqui seguiu para o seu primeiro projecto a solo, na Adega Cooperativa de Alcobaça.
Após vários anos e inúmeras consultorias e residências em casas de prestígio, em 2014 decide dar início ao seu projecto pessoal.
Natural da zona de Óbidos, escolhe a região vitivinícola de Lisboa para os seus vinhos – e ainda bem. Os vinhos Espera afirmam-se como clássicos modernos, de perfil orgânico mas sem defeitos - funky q.b. -, vinhos autênticos, reflectindo a natureza e a genuinidade de onde são produzidos.
Feitos a partir de pequenas parcelas de vinhas velhas, com diferentes tipos de solos, exposições solares e altitudes, nada é deixado ao acaso. Novas plantas surgem no meio das vinhas velhas e, aqui, a densidade na plantação é um objectivo - da maior competitividade entre as plantas, obtemos menos fruto mas uma melhor qualidade.
Em 2017, toda a sua produção passa a ser 100% biológica, da vinha à garrafa. Embora não certificada, foi aqui aberto o caminho para a abordagem biodinâmica e, também neste ano, foi plantada a sua primeira vinha de raiz.
Entre vinhas arrendadas e vinhas próprias, o Rodrigo conta já com 10 hectares de vinha, entre Alcobaça e Óbidos. Um dos seus focos para o futuro, é a possibilidade de ter um DOC Óbidos proveniente de uma vinha centenária de Castelão, e outro de vinha velha fieldblend de brancos.
Excluindo sempre - e ainda bem - a utilização de castas internacionais, defende a diversidade e a diferenciação das castas nacionais: nas tintas, aposta na Touriga Nacional, Castelão, Tinta Miúda e Moreto, mas de olhos postos na Baga; nas brancas, Arinto e Fernão Pires, sem esquecer a Bical.
O vinho que vos trago hoje é um Espera Nat'Cool 100% Castelão. De cor aberta, aromas e sabores a fruta vermelha e muita mineralidade, pouca extração e muito fresco, franco e fácil de beber.
Um vinho muito elegante, ligeiro e cheio de vida. Um excelente representante desta casta!




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