Férias, Amigos e Grandes Vinhos: Um Brinde ao Dão
- Francisco ByMyGlass
- May 8
- 3 min read
Nada melhor do que férias em boa companhia, com família e amigos. E, claro, uma boa garrafa de vinho não pode faltar! Como todos os anos, as férias levaram-me de volta a uma região que me é muito querida: o Dão. E, por uma feliz coincidência (ou talvez um daqueles alinhamentos perfeitos do universo), a nossa casa de férias fica mesmo ao lado de produtores de vinho incríveis.
Mas antes de mais, falemos um pouco sobre esta belíssima região.
Dão: História, Terroir e Renascimento
A viticultura no Dão remonta à época romana. A combinação de solos graníticos, altitude variável e um clima continental temperado pela influência atlântica sempre favoreceu a produção de vinhos de qualidade. Em 1908, o Dão tornou-se uma das primeiras regiões vitivinícolas oficialmente demarcadas em Portugal — a par do Douro e da Bairrada.
Contudo, entre as décadas de 1940 e 1980, a predominância das cooperativas limitou a inovação e afetou a reputação dos vinhos da região. Ainda hoje, há quem torça o nariz a uma sugestão de vinho do Dão, especialmente entre quem começou a consumir vinho naquela época. Mas o cenário mudou.
Com o desenvolvimento do setor e a entrada de Portugal na União Europeia, nos anos 80, iniciou-se um renascimento. Pequenos produtores voltaram a valorizar as castas locais, adotaram práticas modernas e devolveram identidade e qualidade aos vinhos desta região.
Os tintos do Dão são estruturados, elegantes e com bom potencial de envelhecimento. Os brancos, sobretudo os feitos com Encruzado, revelam mineralidade, frescura e uma notável capacidade de evolução.
Visitas Prometidas, Vinhos Memoráveis
Já há muito tempo prometida, estava uma visita à Textura Wines. Este projeto familiar, iniciado em 2018, está sediado em Gouveia, nas encostas da Serra da Estrela, mais precisamente em Vila Nova de Tazem e Penalva do Castelo. Com 22 hectares de vinhas distribuídas por sete parcelas, a Textura Wines dedica-se à viticultura biológica e à produção de vinhos de terroir com mínima intervenção enológica.
A filosofia da adega é clara: refletir a autenticidade dos solos graníticos e dos microclimas da região, criando vinhos elegantes, distintos e profundamente ligados à sua origem. A adega está instalada numa antiga fábrica têxtil centenária, completamente renovada, junto ao limite do Parque Natural da Serra da Estrela — um espaço que combina história, sustentabilidade e inovação.
Da visita, trouxemos o coração cheio e dois vinhos absolutamente inesquecíveis:
o Pretexto Tinto 2018, um vinho de bradar aos céus; e o Pretexto Palhete, cheio de carácter, perfeito para um final de tarde com um bom queijo da Serra.
E como se a fasquia já não estivesse elevada, ainda tive a sorte de conhecer ao vivo o projeto do António Madeira. A sua filosofia assenta numa vinificação de mínima intervenção e num profundo respeito pela natureza. As vinhas, muitas de idade avançada, são tratadas de forma sustentável, sem herbicidas, e a vinificação é feita com leveduras indígenas e intervenção mínima — apenas um toque de sulfuroso quando necessário.
O branco que provei, proveniente de vinhas centenárias, foi sem dúvida um dos melhores que já provei este ano. Um vinho com alma, complexidade e uma pureza difícil de esquecer.
Vinho, Amigos e Boa Mesa
Claro que a experiência não estaria completa sem boa comida. E por aqui, para além de bons vinhos, come-se mesmo bem.
Ficam duas dicas:
Restaurante Borges, para o cabrito assado no forno e o famoso joelhinho.
Taberna da Fonte, onde os filetes de pescada e o arroz de pato são simplesmente divinais.
Se estiverem pelos lados de Seia, não deixem de visitar. Entre vinhos, pratos saborosos e bons amigos, foi uma escapadinha daquelas que ficam na memória.
Com o desejo de bons vinhos,
FFG




















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